Brasil conquista título inédito: robô criado por alunos do Objetivo é campeão internacional

Mas que beleza é uma partida de futebol! Onze jogadores de um lado, onze de outro, e todos disputando uma bola. Uma bola esperta, que deve enganar um corajoso goleiro e entrar no gol. Brasil, país do futebol, é cinco vezes campeão do mundo. A única nação na grande área que cobre este planeta que é dona de tal título. Quem não sonhou ser um jogador de futebol? Um jogo para craques, sem lugar para um perna-de-pau –aquele sujeito desajeitado, sem coordenação motora. E lugar para um perna-de-ferragem tem? Um sujeito feito de peças de metal e plástico, motores, engrenagens, encoders ópticos, sensores de infravermelho, microcontroladores, poderia jogar na posição de goleiro? Como poderia agarrar uma bola no chão e mantê-la nos braços? Como poderia dobrar os cotovelos, mover a cabeça, levantar o tronco, posicionar a bola e locomover-se? Pois é. Um sujeito assim, um robô brasileirinho de apenas um metro de altura, pesando oito quilos e batizado com um nome grego, Hipérion, joga muito. E depois dizem que goleiro precisa ser alto…

Hipérion tornou-se campeão mundial no Primary SuperTeam e ganhou também mais dois prêmios no Campeonato Internacional de Robótica Júnior (RoboCup Junior 2009). Venceu como melhor equipe (integrando o grupo Double T) e melhor programação, ambos os prêmios disputados na categoria Primary Dance. Hipérion foi desenvolvido por Renato Ferreira Pinto Jr., Ramon Silva de Lima, Mariana Terceros e Raul Dario Cabrera Tápia. Todos na faixa dos treze, catorze anos. Todos alunos do 9º. ano do ensino fundamental do Colégio Objetivo e supervisionados pelo professor Luís Rogério da Silva.

A RoboCup é uma competição de alto nível que acontece anualmente, desde 1997. Tem como desafio o estudo e o desenvolvimento da inteligência artificial e da robótica. Estudantes, cientistas e professores de todo o mundo reúnem-se para resolver e propor problemas com o uso de várias tecnologias e metodologias combinadas. O evento compreende diferentes modalidades e faixas etárias.

A RoboCup Junior (RCJ),que integra a RoboCup, dirige-se a alunos dos ensinos fundamental e médio e divide-se em três categorias: Dance, Rescue e Soccer. Segundo os organizadores da RCJ, os desafios que perduram de um ano para o outro possibilitam um novo patamar na aprendizagem e um novo olhar sobre o meio ambiente e sobre os problemas do cotidiano. Os estudantes podem desenvolver soluções mais sofisticadas e expandir os próprios conhecimentos, além de trocar informações com os demais colegas de todo o mundo. De mais a mais, nas apresentações, os desafios tornam-se mais acessíveis ao grande público, que pode ver e observar, em um ambiente alegre, descontraído, sem a necessidade de explicações sobre complicadas teorias.

Nossos estudantes do ensino fundamental participaram da RoboCup Junior Primary,  na modalidade Dance, que consiste em programar um robô para dançar ou atuar, com uma música de fundo, em sincronia com os criadores dele. Para chegar até a Áustria nossa equipe foi antes campeã na Olimpíada Brasileira de Robótica, na modalidade Sumô, que aconteceu no ano passado. Nessa etapa, os protótipos de robôs disputaram a conhecida luta japonesa e foram capazes de detectar adversários e empurrá-los para fora de uma arena, de forma autônoma, sem intervenção humana.

Hipérion, que foi criado em três meses, mostrou que tinha a melhor programação de um robô em todo o planeta. Não estamos falando de um robô movido por controle remoto, o tipo mais comum, não. Primeiramente, os alunos colocam em um computador instruções sobre como mexer o braço, movimentar a cabeça, andar etc. No computador também entram informações sobre como evitar obstáculos, por exemplo. Todas os dados são transferidos para Hipérion por um cabo e, quando este é desconectado, o robô passa a ser dono das próprias ações.

O início é complicado. Hipérion, em um primeiro momento, só sabia bater uma mão contra a outra. E o que fazer? “O modo como o robô irá atuar e responder às dificuldades precisa ser pensado durante a programação. Ou seja, quem está programando tem de imaginar tudo o que vai acontecer, para que o robô tenha sucesso na tarefa”, conta o professor Luís Rogério. Mas para chegar a um bom resultado os estudantes não usam apenas o conhecimento que têm em robótica. Noções de física, matemática e informática também entram na elaboração do protótipo. “Em geral, grande parte da área de exatas ajuda na construção do robô. Às vezes, a gente precisa ter conhecimento de determinada coisa, como centro de massa, que material é melhor que o outro, qual é o mais difícil de quebrar” – diz o aluno Raul Dario Tápia.

No entanto Hipérion mostrou mais que jogo de bola. Demonstrou também jogo de cintura, já que seus criadores foram capazes de readaptá-lo, em tempo curtíssimo, a novos desafios e desempenho. Na RoboCup Junior, além da apresentação individual de cada robô, os participantes tiveram de formar, por meio de sorteio, uma nova equipe (SuperTeam), composta por alunos de três países. No caso do Brasil, a equipe do Objetivo uniu-se à do Canadá e à da Eslováquia e criou o grupo Double T. O tempo foi corrido, em 24 horas, os estudantes refizeram a programação dos robôs para a nova atuação. “Do início até os ajustes finais, muitos desafios fizeram parte da conquista: sucessivas montagens, ajuste na parte mecânica, finalização da coreografia, apresentação técnica para a bancada de jurados. Isso sem contar a dificuldade de comunicação entre as equipes, uma vez que os eslovacos não falavam inglês” – explica o professor Luís Rogério.

O júri pôde avaliar a maturidade, a capacidade de colaboração e a habilidade em robótica de cada equipe. Na demonstração brasileira – tanto no desempenho individual do robô, como na atuação dele reformulada pelo grupo formado com outros países – todos os requisitos foram preenchidos.

É a primeira vez que o Brasil conquista o título de campeão na RoboCup Junior.A competição reuniu mais de 3 mil jovens estudantes na cidade de Graz, na Áustria, entre 29 de junho e 5 de julho. Mais de 40 países estiveram presentes, entre eles, Japão, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Espanha, França, Alemanha, China e Portugal. 

Que emocionante é uma partida de futebol! Hipérion, o goleirão de um metro, mostrou destreza e sincronia, ao som da canção É uma partida de futebol, do grupo Skank. Hipérion apresentou a famosa ginga do craque brasileiro. Deixou boquiabertos os juízes da comunidade científica e encantou tanto o mundo acadêmico como o do simples torcedor. Parabéns, alunos e professor do Objetivo! Hipérion, o robô brasileirinho, deu show de bola. São os primeiros passos rumo a uma trajetória vitoriosa.

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